quinta-feira, 26 de maio de 2016

VIDA

VIDA

Ninguém pede para nascer.
A vida nos é dada por um ato de amor,
os românticos o afirmam. 
Será ? Indagam outros.
Castigo cruel, replicam outros mais.
Mas o que é a vida ?
Aos fatalistas, uma corrida cujo final
já sabemos desde que  essa
aventura fantástica se inicia,
ao primeiro choro nos braços da mãe, extasiada.
Os hedonistas vão além, e afirmam lhes bastar os mimos.
Mas, lembram os realistas, sonhos e pesadelos andam de mãos dadas.
Morrer é fácil; viver é difícil, disse-o o Filósofo.
Seguir vivendo, esse  o nosso destino.
Há momentos em que pensamos possível continuar vivendo.
Afinal, não pedimos a vida.
Retirá-la sem o nosso consentimento, 
Seria injusto, cogitamos.
Aceitar, é o que nos resta. Mesmo que,
por algum capricho, muito longe tivermos ido 
pois o tempo, que é a medida de todas as coisas,
chegará sorrateiro para  lembrá-lo
que outros aguardam o início da próxima corrida,  
cujo resultado já se sabe : por  fim à um vida
no início não pedida. 



Brenno de Carvalho Pieruccetti

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Razão de Viver


Querer-te, sem culpa expiar
Amar-te,  explicar por que ?
Amor não se explica,
A alma sentida é que pode dizer.

Querer-te, tão perto de mim,
E do meu coração.
Que bate, querendo falar-te,
De coisas sem nexo, de amor sem fim.

Querer-te, e vê-la
tão longe, incapaz de entender.
Que meu amor é tão puro,
Difícil dizer.
Querer-te,   e ter que esquecer.
Se é que consigo,
Viver sem você,
Que é meu bem, e meu mal,
razão  de viver.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A Vida Imita a Arte



                                                      Quando tomei conhecimento de que a Secretaria da Receita Federal havia criado a e-financeira (Instrução Normativa nr. 1.571/2015), produzindo efeitos a partir de 1º de Dezembro de 2015, que criou para o Sistema Financeiro Nacional a obrigação de informar a Delegacia da Receita Federal de toda movimentação de Pessoas Físicas igual ou superior a R$ 2.000,00, e de Pessoas Jurídicas, no valor igual ou superior a R$ 6.000,00,  lembrei-me do livro " "1984 " de George Orwell,  pseudônimo utilizado pelo Jornalista e escritor britânico Eric Arthur Blair, cuja 1a. Edição chegou às Livrarias londrinas em 1949 ! Nesse livro, que poderíamos enquadrar no gênero "Ficção", ou "Realismo Fantástico", o autor descreve uma Sociedade a que deu o nome de "Oceânia", que vive sob o jugo de um Sistema Político cognominado  "Big Brother", que é Senhor de todas as coisas, controlando, em seus mínimos detalhes, as vidas de seus pobres Súditos, que dependem da autorização do Sistema para as coisas mais frugais, como a escolha da pasta dental que devem usar, etc. Para manter a fidelidade de todos aos seus ditames, o "Big Brother"  se mantém  em guerra com um Inimigo que afirma querer destruir "Oceânia" e seu povo, objetivo que, segundo massiva  Propaganda só não é alcançado pela bravura do seu exército, recrutado à força entre jovens da população, que não podem recusar o cumprimento do "dever", sob pena de execução sumária como "traidor da pátria". "Big Brother" também controla a libido de seus jovens, que só podem fazer sexo com fins reprodutivos, e mediante prévia autorização, sendo o sexo praticado por prazer considerado crime gravíssimo. Quando li o livro, já fazem alguns anos,  fiquei vivamente impressionado com a imaginação do Autor, e de sua capacidade em descrever as situações de insuportável opressão vivida pela infeliz população de "Oceânia". Ao terminar a leitura, que, confesso, desafiou a minha disciplina e amor pela leitura, em vista do sofrimento individual e coletivo expostos no livro, não temi nem um pouco que aquele quadro dantesco de controle total , por uma Organização Política, da intimidade de uma Comunidade inteira, em seus mínimos aspectos, pudesse algum dia ser   posto em prática na Sociedade Humana...Se tivesse lido o livro recentemente, depois que já se tornaram banais as Câmeras de Vídeo espalhadas pelos locais públicos de grande afluência de pessoas, da ação de "Hackers" sobre sistemas informatizados considerados inexpugnáveis, de controles de acesso a locais estratégicos pela leitura da iris dos olhos daqueles que ali trabalham, e, finalmente, pela utilização, nas guerras modernas, dos temíveis "Drones",  robôs voadores por controle remoto, capazes de lançar, contra inimigos previamente eleitos, com índice de acerto de praticamente 100%, de bombas e foguetes de alto poder destrutivo, o meu temor de que algum dia essa realidade fatídica pudesse existir, talvez eu chegasse à conclusão de que nunca estivemos tão perto de reconhecer que a vida pode, sim,  imitar a arte...   



sábado, 27 de fevereiro de 2016

Presidencialismo Falido


                                 Estou convencido de que a Sociedade brasileira deveria formatar outra configuração para as nossas Instituições Políticas. O Brasil não pode ser eternamente o "País do Futuro". Não custa repetir o que de há muito o povo brasileiro já sabe: somos um pedaço bastante grande do Planeta Terra, e o Criador foi muito generoso com o Brasil, pois nos deu recursos naturais que nenhum outro país tem. Entretanto, temos enorme dificuldade em aproveitá-los, pois nos faltam vários requisitos necessários para fazê-lo e assim ter abertas as portas do restrito círculo dos países chamados "do Primeiro Mundo". Quais seriam esses requisitos ? Se fôssemos enumerá-los, consumiríamos todo o tempo e espaço de que dispomos. Mas, pelo menos um deles não pode passar em branco, mesmo porque é sobre ele que vamos tecer alguns comentários. Trata-se do Sistema Presidencialista de Governo, adotado pela nossa Constituição(art. 76 e ss.), que concede poderes muito amplos ao Presidente da República, segundo Analistas e Doutrinadores da matéria. Pois bem. Ocorre que desde a Constituição de 1946, que redemocratizou o país após o período que se seguiu ao do Estado Novo, quase todas as sucessões Presidenciais no nosso país terminaram em crises institucionais gravíssimas, causando um suicídio, uma renúncia e um impeachment. Infelizmente, podemos acrescentar a esse rol mais uma crise institucional de igual intensidade, qual seja a que reconduziu a atual Presidente ao cargo, e que, até o presente momento, não obteve solução, estando em pauta mais um pedido de impeachment ! Ora, que país aguenta isso ? A pergunta é pertinente, pois enquanto não se resolve o "imbróglio" o país se retrai, diminuindo sensivelmente  suas atividades econômicas, o que, quase sempre, implica na redução, pelas grandes Agencias internacionais de Classificação de riscos, da capacidade de pagamento  de seus compromissos junto aos credores externos. Uma das consequências funestas desse fato é que, acaso necessite  contrair outros empréstimos no Exterior, as taxas que o "doente" vai pagar serão bastante agravadas. E tudo porque a crise institucional envolvendo o Presidente da República acaba sendo uma disputa pessoal entre este e os que querem remove-lo para ocupar o seu lugar. Quer dizer, no nosso Sistema Presidencialista, em caso de crise,  o que  importa menos são os interesses do país ! E qual seria a solução para o problema ? Poderíamos oferecer mais de uma proposta para por fim a essas infindáveis crises, mas preferimos nos fixar em apenas uma delas. Trata-se do Sistema de Governo Parlamentarista, em que o 1º Ministro é quem de fato governa o país, enquanto o Presidente da República tem apenas sua representação, mais ou menos nos moldes de um cargo honorário. E qual seria a vantagem de adotar-se o Parlamentarismo ?  A principal seria a de desvincular a pessoa do Presidente da República de crises institucionais, vez que estas se iniciam e terminam no âmbito do Parlamento, que é  a Instituição que elege o 1º Ministro, através da Bancada majoritária no Parlamento. Enquanto o nomeado corresponder às expectativas do Parlamento, ele fica no cargo. Se não, o próprio Parlamento o destitui e coloca outro. Tudo rápido, sem crise e na paz de Deus ! Não desconheço que, por força do art. 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,a Constituição de 1988 determinou que, através de plebiscito, o eleitorado,definisse a forma(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo(parlamentarismo ou presidencialismo) que deviam vigorar no país. Realizado  o plebiscito, venceram a República e o Presidencialismo, nas seguintes proporções( Fonte: TSE ):

FORMA DE GOVERNO:               

República: 43.881.747 (66,26%)

Monarquia: 6.790.751 (10,25%)

Brancos:    6.813.179 (10,29% ) 

Nulos:  8.741.289 (13,20% )


SISTEMA  DE GOVERNO:

Parlamentarismo : 16.415.585 (24,87%)

Presidencialismo: 36.685,630( 55,58%)

Brancos: 3.193.763 (4,84% )

Nulos: 9.712.913 (14,71%)  

                                         Não obstante o resultado negativo do plebiscito para o Parlamentarismo, considero que a consulta popular é passível de críticas, pois colocou na mesma cesta temas complicados para o eleitor escolher. Considero que a resposta do eleitor, hoje em dia, seria em outra direção, principalmente se o eleitor fosse devidamente esclarecido do modo de funcionamento do Parlamentarismo, notadamente da forma de substituição do Primeiro Mandatário do país que, no Presidencialismo, é muito complicado, exigindo inclusive a participação do Poder Judiciário, o que não ocorre no Parlamentarismo, como já explicado. De uma coisa estou certo: A Sociedade brasileira não aguenta mais as "peripécias" dos nossos políticos, e, de qualquer forma, mesmo não se adotando o Parlamentarismo, impõe-se seja encontrado um meio mais ágil de substituir o Presidente da República em exercício, pois é isso que o povo espera. Agora, se o Parlamentarismo já se mostrou eficiente em países do primeiro mundo, tais como França, Itália, Alemanha, Japão, etc, por que não daria certo no Brasil ?