segunda-feira, 14 de março de 2016

A Vida Imita a Arte



                                                      Quando tomei conhecimento de que a Secretaria da Receita Federal havia criado a e-financeira (Instrução Normativa nr. 1.571/2015), produzindo efeitos a partir de 1º de Dezembro de 2015, que criou para o Sistema Financeiro Nacional a obrigação de informar a Delegacia da Receita Federal de toda movimentação de Pessoas Físicas igual ou superior a R$ 2.000,00, e de Pessoas Jurídicas, no valor igual ou superior a R$ 6.000,00,  lembrei-me do livro " "1984 " de George Orwell,  pseudônimo utilizado pelo Jornalista e escritor britânico Eric Arthur Blair, cuja 1a. Edição chegou às Livrarias londrinas em 1949 ! Nesse livro, que poderíamos enquadrar no gênero "Ficção", ou "Realismo Fantástico", o autor descreve uma Sociedade a que deu o nome de "Oceânia", que vive sob o jugo de um Sistema Político cognominado  "Big Brother", que é Senhor de todas as coisas, controlando, em seus mínimos detalhes, as vidas de seus pobres Súditos, que dependem da autorização do Sistema para as coisas mais frugais, como a escolha da pasta dental que devem usar, etc. Para manter a fidelidade de todos aos seus ditames, o "Big Brother"  se mantém  em guerra com um Inimigo que afirma querer destruir "Oceânia" e seu povo, objetivo que, segundo massiva  Propaganda só não é alcançado pela bravura do seu exército, recrutado à força entre jovens da população, que não podem recusar o cumprimento do "dever", sob pena de execução sumária como "traidor da pátria". "Big Brother" também controla a libido de seus jovens, que só podem fazer sexo com fins reprodutivos, e mediante prévia autorização, sendo o sexo praticado por prazer considerado crime gravíssimo. Quando li o livro, já fazem alguns anos,  fiquei vivamente impressionado com a imaginação do Autor, e de sua capacidade em descrever as situações de insuportável opressão vivida pela infeliz população de "Oceânia". Ao terminar a leitura, que, confesso, desafiou a minha disciplina e amor pela leitura, em vista do sofrimento individual e coletivo expostos no livro, não temi nem um pouco que aquele quadro dantesco de controle total , por uma Organização Política, da intimidade de uma Comunidade inteira, em seus mínimos aspectos, pudesse algum dia ser   posto em prática na Sociedade Humana...Se tivesse lido o livro recentemente, depois que já se tornaram banais as Câmeras de Vídeo espalhadas pelos locais públicos de grande afluência de pessoas, da ação de "Hackers" sobre sistemas informatizados considerados inexpugnáveis, de controles de acesso a locais estratégicos pela leitura da iris dos olhos daqueles que ali trabalham, e, finalmente, pela utilização, nas guerras modernas, dos temíveis "Drones",  robôs voadores por controle remoto, capazes de lançar, contra inimigos previamente eleitos, com índice de acerto de praticamente 100%, de bombas e foguetes de alto poder destrutivo, o meu temor de que algum dia essa realidade fatídica pudesse existir, talvez eu chegasse à conclusão de que nunca estivemos tão perto de reconhecer que a vida pode, sim,  imitar a arte...